segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Amor a Vida!

Arlan da Silva Rodrigues

Depoimento

Mesmo eu não sabendo para quem foi feita a doação da minha medula, eu tive a grande felicidade em saber que pude ajudar alguém que está passando por um problema de saúde como o meu amigo Rhanyer que ainda está em busca de um doador de medula, por isso estou aqui junto a equipe do DoeMedula para dar o meu depoimento e mostrar para todos vocês como e simples fazer a doação e quem sabe até salvar um vida.
Tudo começou no dia 16 de dezembro de 2006, quando voluntários de minha cidade, Rancharia, resolveram fretar alguns ônibus para fazer o cadastramento de doadores de medula óssea em Presidente Prudente, na campanha de uma criança chamada Maria Eduarda, que hoje não está mais conosco, mas ela foi um instrumento da graça de Deus para que mais e mais campanhas fossem feitas em nossa região, encontrando até o momento 8 possíveis doadores, sendo que dois já fizeram a doação e um deles sou eu!
Em novembro de 2007, recebi uma ligação da Ítala (assistente social do REDOME-Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), dizendo que eu era um possível doador, explicando o que iria acontecer a partir daquele momento, e no final ela me perguntou se eu gostaria de continuar com o gesto, e é claro que respondi sim. Com isso, ela disse que o pessoal de Prudente iria entrar em contato comigo para que eu mandasse uma amostra de sangue para fazer o teste confirmatório, e após duas semanas do primeiro contato, Geraldo (um dos organizadores das campanhas MADULA) entrou em contato para que eu fizesse a coleta de alguns ml de sangue. Essa coleta foi feita no laboratório BALAN de minha cidade, e entregue direto ao Geraldo que se responsabilizou pelo envio.

Eu mandava vários e-mails para o REDOME, mas sempre com muita paciência eles pediam que eu tivesse paciência, as amostras de sangue estavam lá, e para ser feitos os exames dependia também do estado do Receptor e que quando fossem feitos, e caso confirmasse a compatibilidade, eu receberia uma carta do INCA.
No dia 12 de Fevereiro recebi um telefonema do REDOME perguntando se eu havia recebido a carta, respondi que não (provavelmente por causa do carnaval teve atraso nas entregas), então a Mirian (psicóloga do REDOME) disse que tive 100% de compatibilidade. Esse telefonema foi o melhor presente de formatura que poderia receber (minha formatura foi dia 14/02/2008, dois dias depois da ligação). Alguns dias depois recebi a carta.
Em março de 2008 fui a São Paulo fazer alguns exames para verificar o meu estado de Saúde, para ver se a doação de medula óssea não afetaria a mim, fui em um dia e voltei no outro, coisa rápida. Após ter saído o resultado desses exames, o pessoal do REDOME entrou em contato comigo para falar como e onde seria feito o transplante, e com isso foi resolvido que o Rio de Janeiro seria o melhor local (seria feito em São Paulo, mas por causa do acidente (incêndio) que teve no Hospital das Clinicas, foi descartada essa hipótese).
Miriam disse para eu ficar meio atento aos dias 26/03, 02/04 ou 09/04, porque a doação seria em algum desses dias, o que fiquei também muito feliz, porque foi outro presente e agora de aniversário, que é em 29 de março. Após alguns dias foi confirmado, seria dia 09 de abril e eu teria que ir ao Rio uma semana antes para fazer a coleta de uma bolsa de sangue, para que eu o recebesse no dia do transplante.
Dia 03 eu e minha irmã (que foi como minha acompanhante) estávamos saindo de Presidente Prudente em direção ao Rio de Janeiro. Chegando lá, pegamos um táxi que nos levou até o INCA (Instituto Nacional do Câncer), onde fomos encaminhados ao 7º andar, no qual está instalado o CEMO (Centro de Medula Óssea), feito meu cadastro, conversei com a médica responsável que me tirou todas as dúvidas, explicando os métodos que poderiam ser feito, no meu caso ela ainda perguntou se eu teria preferência em algum dos métodos, e eu disse que não, então optou pelo o de punção, que é um método que tira a medula direto da bacia.
Após a conversa fomos ao hotel, que tem convênio com o hospital, para descansar um pouco. No dia seguinte, dia 04, fui ao hospital fazer a coleta da bolsa de sangue, fazer um eletrocardiograma e um raio-x do pulmão, após fazer isso, a atendente do CEMO disse que eu só precisaria voltar lá no dia 09 para o transplante, em jejum desde as 22 horas do dia anterior.Com isso, do sábado até terça feira, ficamos no hotel e ainda conseguimos passear um pouco pelo Rio de Janeiro.
No hotel conhecemos muitos pacientes, pessoas que já haviam recebido a medula como nosso amigo Antônio (Casado e com dois filhos), pessoas que iriam doar para o irmão como os irmãos Evaldo (34 anos) e Vanildo (26 anos), Evaldo fez a coleta no segundo dia 07/04 de manhã pelo aparelho de aférese às 8h30 e ás 11h ele já estava no refeitório fazendo a alimentação normal. Ele disse que é como se estivesse doando sangue só que um pouco mais demorado. Nesse método Evaldo foi ao hospital durante cinco dias, de manhã e no final da tarde, para tomar medicação para estimular a produção de medula do seu organismo e no quinto dia fez a coleta. Conhecemos pessoas que já tinham o doador, mas que ainda não fora coletado, como o caso de nosso amigo Emanuel, que com 15 anos esta lutando pela vida, e também tivemos contato com pessoas que ainda não conseguiram doadores compatíveis, mas que ao nos olhar percebíamos que passávamos esperança a eles.
No dia 09, fui ao hospital às 7h30 e logo já me internaram. Entrei na sala de cirurgia, os médicos conversaram comigo, agradeceram pelo ato de solidariedade. A enfermeira colocou o soro, pediram para que me virasse de lado, para ser aplicado a anestesia, rack, eu virei, e quando eles me colocaram de bruços, eu perguntei: “não vão aplicar mais?” e o médico disse que já havia aplicado (não senti nada), com isso eles começaram a fazer testes para ver se a anestesia havia pegado, quando a anestesia chegou até a altura correta, começaram o processo para a retirada da medula, como eu estava de bruços não vi nada. Na maior parte eu fiquei acordado, mas algumas horas eu dormia. Quando terminaram, vi os médicos mexendo em algo, perguntei se era a medula e disseram que sim, e após colocarem na bolsa me mostraram. Parece sangue. Foi retirado aproximadamente 1litro, uma bolsa de 500ml e outra de 400ml, também colocaram um pouco em alguns potes, que eu acho que deve ser para algum exame.
Após tudo ocorrido, fui para a sala esperar passar a anestesia, assim que passou fui levado ao quarto. Eu tinha medo, achava que quando a anestesia me passasse sentiria muita dor, mas eu não senti nenhuma dor. Na quinta, dia 10, tive alta no hospital ás 7h00 da manhã e logo saí para pegar o vôo de volta. Só sentia uma dor como se eu tivesse levado um tombo de bunda, nada que quando criança não tivesse acontecido. Sobre os gastos, não tive nenhum, tudo pago, passagem, alimentação.
E foi assim que tive a oportunidade de poder ajudar a salvar uma vida.
 
Dia 12/04/2008 já estava tocando em um casamento
 
Hoje, dia 14/04/2008, já não sinto mais nada, e estou voltando a minha rotina normal de professor.

Rudolf Albert Gradiski


fonte: http://www.doemedula.com.br/artigos/48-artigos/80-depoimento-de-rudolf

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